Para Eloi Callage
O meu Anjo da Guarda de asas negras
tem uns olhos tão verdes como os teus.
E a mesma pele mate e... benza-o Deus!...
também teus mesmos lábios dolorosos...
Como o prendeste assim num sortilégio,
para ficares - sempre - junto a mim?!
Ou fui eu que inventei tua aparência,
nesta longa loucura sem remédio...
Pois não só neste como no outro mundo
o quanto eu vejo se transforma em ti.
Sei lá se o Anjo entende uns tais mistérios...
Só sei que certa noite o pressenti...
Mas baixei os meus olhos incestuosos
e os meus lábios sacrílegos mordi!
Mario Quintana
In Baú de Espantos
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