Me deixaram sozinho no meio do circo
Ou era apenas um pátio uma janela uma rua
uma esquina
Pequenino mundo sem rumo
Até que descobri que todos os meus gestos
Pendiam cada um das estrelas por longos fios invisíveis
E havia súbitas e lindas aparições como aquela das
longas tranças
E todas imitavam tão bem a vida
Que por um momento se chegava a esquecer a sua
cruel inocência do bonecas
E eu dizia depois coisas tão lindas
E tristes
Que não sabia como tinham ido parar em minha boca
E o mais triste não era que aquilo fosse apenas um
jogo cambiante de reflexos
Porque afinal um belo pião dançante
Ou zunindo imóvel
Vive uma vida mais intensa do que a mão ignorada
que o arremessou
E eu danço, tu danças e nós dançamos
Sempre dentro de um círculo implacável de luz
Sem saber quem nos olha atenta ou distraidamente
do escuro...
Mario Quintana
in: Apontamentos de História Sobrenatural
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