Minha rua está cheia de pregões,
Parece que estou vendo com os ouvidos:
"Couves! Abacaxis! Cáquis! Melões!
Eu vou sair pro carnaval dos ruídos,
Mas vem, Anjo da Guarda... Por que pões
Horrorizado as mão em teus ouvidos?
Anda: escutemos esses palavrões
Que trocam dois gavroches atrevidos!
Pra que viver assim num outro plano?
Entremos no bulício quotidiano...
O ritmo da rua nos convida.
Vem! Vamos cair na multidão!
Não é poesia socialista... Não,
Meu pobre Anjo... É simplesmente a vida!
Mario Quintana,
in Rua dos Cataventos
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