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domingo, 18 de agosto de 2013

O ESPELHO



E como eu passasse por diante do espelho
não vi meu quarto com as suas estantes
nem este meu rosto
onde escorre o tempo.

Vi primeiro uns retratos na parede:
janelas onde olham avós hirsutos 
e as vovozinhas de saia-balão
como pára-quedista às avessas que subissem do
fundo do tempo.

O relógio marcava a hora
mas não dizia o dia. O Tempo,
desconcertado,
estava parado.

Sim, estava parado
em cima do telhado. . .
como um cata-vento que perdeu as asas!


Mario Quintana
In: Apontamentos de História Sobrenatural



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