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terça-feira, 20 de agosto de 2013

O PASSAGEIRO CLANDESTINO



No porta-malas do meu automóvel
levo o anjo escondido...
Quando chegamos a um descampado,
ele sai lá de dentro, distende as asas, belo como a Vitória de Samotrática...
e eu, então, nos seus ombros, dou uma longa volta, pelos céus da cidade,
porém temos logo de regressar a nossos antros de cimento
- antes que a serenata dos sapos, mais uma vez,
venha cantar,
à beira dos banhados,
à nossa modesta aventura de um domingo burguês.

Mário Quintana
in  Antologia Poética





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