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sábado, 19 de outubro de 2013

AS RUAZINHAS



Eu amo de um amor que jamais poderei expressar
Essas pequenas ruas com suas casas de porta e janela,
Ruas tão nuas
Que os lampiões fazem às vezes de álamos,
Com toda a vibratilidade dos álamos,
petrificada nos troncos imóveis de ferro,
Ruas que me parecem tão distantes
E tão perto
A um tempo
Que eu as olho numa triste saudade de quem
já tivesse morrido,
Ruas como as que a gente vê em certos quadros,
Em certos filmes:
Meu Deus, aquele reflexo, à noite, nas pedras
irregulares do calçamento
Ou a ensolarada miséria daquele muro a
perder o reboco...
Para que eu vos ame tanto
Assim,
Minhas ruazinhas de encanto e desencanto,
É que expressais alguma coisa minha...
Só para mim!

Mario Quintana,
in Preparativos de Viagem

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