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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

ESSES ETERNOS DEUSES...




Para Liane Dos Santos

Os deuses não sabem apanhar o momento esvoaçante
como quem aprisiona um besouro na mão,
não sabem o contacto delicioso, inquietante
do que - só uma vez! - os dedos reterão...
Em sua pobre eternidade, os deuses
desconhecem o preço único do instante...
e esse despertar, ainda palpitante,
de quem cortasse em meio um sonho vão.
No entanto a vida não é sonho... Não:
aberta numa flor ou na polpa de um fruto,
a vida aí está, eterna: nossa mão
é que dispõe apenas de um minuto.
E todos os encontros são adeuses...
(Como riem, meu pobre amor... Como riem, de nós,
esses eternos deuses!)

Mario Quintana
In Baú de Espantos

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