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quarta-feira, 14 de agosto de 2013

NOTURNO



O gato, que mora no mundo para sempre perdido do
cinema silencioso, atravessa o país do tapete, onde se
abrem flores falsamente tropicais.
Ao pé da escada, por força do hábito, a avozinha morta
começa a tricotar mais um pulôver.
Por trás de suas barbas, no retrato da parede, o olhar do
avô indaga: - para quê?
De repente, na copa, o refrigerador compõe ruidosamente
a garganta, enquanto estremecem de medo os frágeis
habitantes do porta-cristais: - Meu Deus, meu Deus, ele
agora vai fazer um discurso! 


Mário Quintana
In: Esconderijos do Tempo

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