Seja bem-vindo. Hoje é

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

O POEMA INTERROMPIDO



A lâmpada abre um círculo mágico sobre o papel onde
escrevo. Sinto um ruído como se alguém houvesse arremessado
uma pequenina pedra contra a vidraça, ou talvez seja uma
asa perdida na noite. Espreguiço-me, levanto-me e, cautelosamente,
escancaro a janela. Oh! como poderia ser alguém chamando-me?
Como poderia ser um pássaro? Na frente do quarto, acima do quarto,
por baixo do quarto, só havia a solidão estrelada... Quem faz um
poema não se espanta de nada. Volto ao abrigo da lâmpada e recomeço
a discussão com aquele adjetivo que teima em não expressar tudo o que
pretendo dele... 


Mário Quintana
In: Esconderijos do Tempo

Nenhum comentário:

Postar um comentário