Os fantasmas rasgaram as fímbrias no tic-tac dos
despertadores...
Bem feito! São tão antiquados que ainda usam
fímbrias...
Oh! esses despertadores são gatos metálicos
Que rasgam as fímbrias das almas.
Das almas dos vivos e mortos...
Para eles é tudo sucata
Frágil, corosca
De barbante - coisa ótima
Para afiar os dentes eternos do Instante!
A espaços,
No silêncio da casa,
Quebrando o monótono tiquetaquear do tempo,
A tosse asmática do refrigerador
Ou o fundo suspiro
(De quem?)
Que se some no ralo misterioso da pia...
Enquanto isto, nas paredes das salas,
Os velhos retratos aproveitam o escuro para
desbotarem
Ainda mais...
Até que chegue o dia lúcido
E tudo seja, apenas,um doido sonho noturno
Que o teu sorriso de criança apaga!
Mario Quintana
In: Apontamento de História Sobrenatural
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