Para Cecília Meireles
A casa de Herédia, com grandes sonetos dependurados como panóplias
E escadarias de terceiro ato,
A casa de Rimbaud, com portas súbitas e enganosos
corredores, casa-diligência-navio-aeronave-pano
onde só não se perdem os sonâmbulos e os copos de dados,
A casa de Apollinaire, cheia de reis de França e
valetes e damas dos quatro naipes e onde a
gente quebra admiráveis vasos barrocos correndo
atrás de pastorinhas do século XVIII,
A casa de William Blake, onde é perigoso a gente entrar,
Porque pode nunca mais sair de lá,
A casa de Cecília, que fica sempre noutra parte...
E a casa de João-José, que fica no fundo de um
poço, e que não é propriamente casa, mas uma
sala-de-espera no fundo do poço.
Mario Quintana,
in “O Aprendiz de Feiticeiro”
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